Desaparença - Paulo Leminski


Desaparença
(Paulo Leminski)

       Nada com nada se assemelha.
Qual seria a diferença
      entre o fogo do meu sangue
e esta rosa vermelha?
      Cada coisa com seu peso,
cada quilômetro, seu quilo.
      De que adianta dize-lo,
isto, sim, é como aquilo?
      Tudo o mais que acontece
nunca antes sucedeu.
      E mesmo que sucedesse,
acontece que esqueceu.
      Coisas não são parecidas,
nenhum paralelo possível.
      Estamos todos sozinhos.
Eu estou, tu estás, eu estive.