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Verbetes - Mario Quintana


Verbetes
(Mario Quintana)

Infância - A vida em tecnicolor.
Velhice - A vida em preto e branco.

Canção de junto do berço - Mario Quintana


Canção de junto do berço
(Mario Quintana)

Não te movas, dorme, dorme
O teu soninho tranquilo.
Não te movas (diz-lhe a Noite)
Que ainda está cantando um grilo…

Abre os teus olhinhos de ouro
(O Dia lhe diz baixinho).
É tempo de levantares
Que já canta um passarinho…

Sozinho, que pode um grilo
Quando já tudo é revoada?
E o Dia rouba o menino
No manto da madrugada…

Da discrição - Mario Quintana


Da discrição
(Mario Quintana)

Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...

Mau humor - Mario Quintana


Mau Humor
(Mario Quintana)

Os que metem uma bala na cabeça retiram-se deste mundo batendo com a porta.

Senhora, eu vos amo tanto - Mario Quintana


Senhora, eu vos amo tanto 
Que até por vosso marido 
Me dá um certo quebranto.

Mario Quintana

Hoje é outro dia - Mario Quintana


Hoje é outro dia
(Mario Quintana)

Quando abro cada manhã a janela do meu quarto
É como se abrisse o mesmo livro
Numa página nova…

O que o vento não levou - Mario Quintana


O que o vento não levou
(Mario Quintana)

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas 
que o vento não conseguiu levar: 

um estribilho antigo 
um carinho no momento preciso 
o folhear de um livro de poemas 
o cheiro que tinha um dia o próprio vento... 

Os degraus - Mario Quintana


Os degraus
(Mario Quintana)

Não desças os degraus do sonho 
Para não despertar os monstros. 
Não subas aos sótãos - onde 
Os deuses, por trás das suas máscaras, 
Ocultam o próprio enigma. 
Não desças, não subas, fica. 
O mistério está é na tua vida! 
E é um sonho louco este nosso mundo...

Torre azul - Mario Quintana


Torre azul
(Mario Quintana)

É preciso construir uma torre
- uma torre azul para os suicidas.
Têm qualquer coisa de anjo esses suicidas voadores,
qualquer coisa de anjo que perdeu as asas.
É preciso construir-lhes um túnel
- um túnel sem fim e sem saída
e onde um trem viajasse eternamente
como uma nave em alto-mar perdida.

É preciso construir uma torre…
É preciso construir um túnel…
É preciso morrer de puro,
puro amor!…

Da preguiça - Mario Quintana


Da preguiça
(Mario Quintana)

Suave Preguiça, que do mau-querer
E de tolices mil ao abrigo no pões...
Por causa tua, quantas más ações
Deixei de cometer!

Da moderação - Mario Quintana


Da moderação
(Mario Quintana)

       Cuidado! Muito cuidado...
Mesmo o bom caminho urge medida e jeito.
Pois ninguém se parece tanto a um celerado
      Como um santo perfeito...

Da felicidade - Mario Quintana


Da felicidade 
(Mario Quintana)

Quantas vezes a gente,em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

Das ilusões - Mario Quintana


Das ilusões(Mario Quintana)

Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!


Não basta saber amar... - Mario Quintana


Não basta saber amar...
(Mario Quintana)
Para Milton Quintana
Neste mundo, que tanto mal encerra,
não basta saber amar,
mas também saber odiar,
não só servir a paz, mas também ir para a guerra.
Seguiremos assim o próprio exemplo
de Jesus, que tanto amor pregou na Terra...
quando Ele,
num ímpeto de cólera,
a relhaço expulsou os vendilhões do templo!


Simultaneidade - Mario Quintana


Simultaneidade
(Mario Quintana)

— Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! 
Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! 
Eu vou me matar! Eu quero viver! 
— Você é louco? 
— Não, sou poeta. 

Da vez primeira em que me assassinaram - Mario Quintana


Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar-me a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!

Mario Quintana

Somos donos de nossos atos - ?*


Somos donos de nossos atos
mas não donos de nossos sentimentos.
Somos culpados pelo que fazemos
mas não pelo que sentimos. 
Podemos prometer atos, 
mas não podemos prometer sentimentos.
Atos são pássaros engaiolados. 
Sentimentos são pássaros em voo.

* Lindo poema, só não consegui confirmar a autoria. Ora é atribuída a Mario Quintana, ora a Rubem Alves.

Se tu me amas - Mario Quintana


Se tu me amas
(Mario Quintana)

Se tu me amas, ama-me baixinho 
Não o grites de cima dos telhados 
Deixa em paz os passarinhos 
Deixa em paz a mim! 
Se me queres, 
enfim, 
tem de ser bem devagarinho, Amada, 
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda... 

O tempo - Mario Quintana*


O tempo
(Mario Quintana)

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é Natal…
Quando se vê, já terminou o ano…

Quando se vê não sabemos mais por onde andam nossos amigos…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…

Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…
Eu seguraria todos os meus amigos, que Já não sei como e onde eles estão e diria: vocês são extremamente importantes para mim.
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…

E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

*Encontrei na web mais de uma versão. Não sei se esta é a correta, nem se a autoria é de fato do Mario Quintana.